As cirurgias refrativas com LASER podem corrigir casos de miopia, hipermetropia, astigmatismo, presbiopia e aberrações de alta ordem, porém os melhores resultados ocorrem nos casos de miopia e astigmatismo. A aplicação do LASER na córnea do paciente provoca um afinamento (diminuição da espessura) da mesma, além de alterar a curvatura da córnea. Existem várias técnicas de cirurgias refrativas com LASER, mas as duas formas mais usadas internacionalmente são o PRK e o LASIK. A seguir, faremos uma breve comparação entre o PRK e o LASIK.
No PRK o LASER é aplicado diretamente sobre a superfície da córnea. Esta técnica é considerada bastante segura, porém o pós-operatório é um pouco mais desagradável do que no LASIK. Isto ocorre porque, imediatamente após a aplicação do LASER, a superfície da córnea fica um pouco irregular (áspera), uma vez que o epitélio (camada superficial da córnea) foi removido com o LASER. Em razão disto, a visão não costuma ser boa nos primeiros dias após a cirurgia e pode haver desconforto, como sensação de areia nos olhos. Assim, são necessários alguns dias para que este epitélio se recupere, recobrindo novamente a superfície da córnea, melhorando a visão e diminuindo o desconforto pós-operatório. Por este motivo, utilizamos uma lente de contato gelatinosa para proteger a superfície da córnea nos primeiros dias (geralmente uma semana) de pós-operatório, o que reduz o desconforto e acelera a recuperação do epitélio. Após alguns dias, o próprio cirurgião (médico oftalmologista) retira a lente gelatinosa no consultório.
No LASIK o LASER não é aplicado diretamente sobre a superfície da córnea e sim em uma porção interna da mesma, chamada estroma corneano. Isto é possível graças à realização de um “flap” (uma lasquinha) na superfície da córnea, o que permite a aplicação do LASER sem remover o epitélio corneano. Assim, o LASIK permite uma recuperação bem mais rápida da visão e um pós-operatório muito mais confortável (mínimo desconforto ou ausência de desconforto) do que o PRK. Por esta razão, nos casos de LASIK não é necessário usar lentes de contato após a cirurgia, na grande maioria das vezes.
Assim, comparando o PRK com o LASIK, podemos dizer que as duas técnicas oferecem uma qualidade de visão equivalente após os primeiros 30 dias de cirurgia, porém o LASIK apresenta a vantagem de oferecer menor desconforto ocular e uma recuperação da visão muito mais rápida do que o PRK (uma boa visão pode ocorrer em um ou dois dias após o LASIK, por exemplo).
A avaliação do paciente no pré-operatório (antes da cirurgia) deve ser feita com bastante cuidado, a fim de identificar se o paciente pode ou não ser submetido à cirurgia. Esta avaliação compreende um exame oftalmológico completo realizado durante uma consulta com o médico oftalmologista e também a realização de exames complementares para avaliar algumas características da córnea. Dentre os exames complementares, os mais importantes são a paquimetria, a topografia e o ORBSCAN. Estes exames são capazes de avaliar a espessura e a curvatura da córnea, além de obter outras informações complementares através do ORBSCAN. Assim, a realização de uma avaliação pré-operatória minuciosa diminui as chances de erros e aumenta a probabilidade de sucesso com as cirurgias refrativas.
A anestesia utilizada nas cirurgias refrativas com LASER é chamada de anestesia tópica. Isto significa que utilizamos gotas de colírios anestésicos, a fim de propiciar uma cirurgia tranqüila, sem dor e sem a necessidade de injeções ou sedação desnecessária. Assim, evita-se o risco inerente às injeções (hematomas, injeções intra-vasculares, etc) e obtemos uma recuperação mais rápida após a cirurgia, sem os efeitos de uma sedação excessiva.
Nos primeiros dias após a cirurgia (pós-operatório) é necessário utilizar alguns colírios e tomar alguns cuidados. Dentre os cuidados mais importantes, recomendamos não coçar ou esfregar os olhos, especialmente nos casos de LASIK. Dentre os colírios, utilizamos colírios antibióticos (para evitar infecções), colírios anti-inflamatórios (para evitar inflamações) e colírios lubrificantes (para evitar o ressecamento ocular). Nos casos de PRK, também é necessário o uso de lentes de contato gelatinosas nos primeiros dias após a cirurgia (geralmente por uma semana), como já comentado acima.