Avanços na cirurgia de catarata

A cirurgia de catarata progrediu muito nos últimos anos, graças aos avanços tecnológicos ocorridos, especialmente quanto às lentes intra-oculares. Assim, hoje podemos oferecer uma cirurgia muito mais segura e com melhores resultados do que no passado.

A cirurgia de catarata progrediu muito nos últimos anos, graças aos avanços tecnológicos ocorridos, especialmente quanto às lentes intra-oculares. Assim, hoje podemos oferecer uma cirurgia muito mais segura e com melhores resultados, do que no passado. Veja, a seguir, algumas perguntas e respostas sobre a cirurgia de catarata.

O que é a catarata?

A catarata é uma doença caracterizada pela opacificação do cristalino. O cristalino é a lente natural do olho e deve ser transparente para que os raios de luz o atravessem e alcancem a retina (onde se forma a imagem). Assim, a presença da catarata prejudica a visão, pois dificulta a entrada de luz no olho.

Cristalino com catarata

Cristalino sem catarata

 

O que é a cirurgia de catarata?

A cirurgia de catarata é a cirurgia que visa corrigir a catarata, a fim de melhorar a visão. Esta cirurgia consiste em duas etapas:

1)     na primeira parte retira-se a catarata através de uma tecnologia chamada FACOEMULSIFICAÇÃO;

2)     Na segunda etapa, após retirada a catarata, implanta-se dentro do olho uma lente intra-ocular.
Como é feita a retirada de catarata?

Atualmente, a técnica cirúrgica mais moderna para a retirada da catarata é a FACOEMULSIFICAÇÃO. Por meio deste método, utilizamos um aparelho de facoemulsificação, o qual fragmenta a catarata em partículas pequenas, através de vibrações em alta freqüência. Após fragmentar a catarata, o aparelho remove as partículas, por meio de uma aspiração à vácuo. Assim, podemos dizer que a catarata é sugada pelo aparelho de facoemulsificação.

Facoemulsificação

A cirurgia de catarata é feita com LASER?

Não. A cirurgia de catarata não é feita com LASER, e sim com um equipamento que fragmenta a catarata, chamado equipamento de facoemulsificação. Diversas experiências têm sido realizadas com um tipo de laser chamado “fentosecond”, com o intuito de utilizar esta tecnologia nas cirurgias de catarata. Porém, isto ainda está em fase de testes preliminares.
É necessário implantar uma lente na cirurgia de catarata?

Sim, é necessário implantar uma lente na cirurgia de catarata, pois esta lente irá substituir o cristalino que foi retirado na cirurgia. O cristalino é uma lente natural dos nossos olhos e ele se transforma em catarata com o passar do tempo. Assim, quando operamos a catarata, estamos retirando o cristalino, o qual deverá ser substituído pela lente intra-ocular.

Implante da lente intra-ocular

Lente posicionada ao término da cirurgia


Como é feita a anestesia nas cirurgias de catarata?

Na grande maioria das vezes, utilizamos a anestesia tópica, com uma sedação leve. Isto significa que utilizamos gotas de colírios anestésicos e uma sedação suave, a fim de propiciar uma cirurgia tranqüila e sem dor ao paciente. Assim, evitam-se os riscos inerentes às injeções dos bloqueios peribulbares, como perfurações oculares e hematomas. Esta forma de anestesia (tópica) também apresenta a vantagem de permitir a realização da cirurgia até mesmo em pacientes anti-coagulados com bastante segurança, graças aos baixos riscos de sangramento, por não necessitar do uso de agulhas.

Com a anestesia tópica não há a necessidade de ocluir o olho operado, o que nos permite iniciar o uso de colírios imediatamente após a cirurgia, acelerando a recuperação no período pós-operatório. Como a cirurgia é rápida, geralmente não ultrapassando 15 a 20 minutos, a anestesia tópica com sedação leve nos permite uma pronta recuperação anestésica após a cirurgia, sem os efeitos de sedações excessivas. Assim, a anestesia geral só é utilizada em raras situações, como nos casos de cirurgias em bebês ou crianças.
É preciso dar pontos na cirurgia de catarata?

Não. Graças à evolução tecnológica, atualmente, a cirurgia de catarata é realizada através de incisões (cortes) muito pequenas. Assim, se a incisão for feita corretamente, a própria pressão interna do olho é capaz de fechar a incisão, não havendo a necessidade de pontos (sutura com fios cirúrgicos). Por esta razão, dizemos que a cirurgia de catarata não necessita suturas, na imensa maioria das vezes, o que diminui o astigmatismo e desconforto pós-operatório que ocorriam no passado, quando as incisões eram maiores e necessitavam de pontos.
A cirurgia da catarata é ambulatorial ou precisa de hospitalização?

Geralmente, não há necessidade de ficar no hospital. Assim, a cirurgia é considerada ambulatorial, pois o paciente costuma ir para casa no mesmo dia, após a cirurgia.
O que ocorre com a pressão ocular após a cirurgia de catarata?

Se a cirurgia for bem feita, sem que ocorram complicações cirúrgicas, geralmente a pressão intra-ocular diminui após a cirurgia da catarata. Esta redução da pressão após a cirurgia de catarata é um efeito bastante positivo para a saúde ocular, pois ajuda a proteger o olho contra os danos provocados pelo aumento da pressão ocular, como ocorre nos casos de glaucoma. Além disso, após a cirurgia de catarata, diminuem os riscos de uma crise aguda de glaucoma de fechamento angular (um tipo de glaucoma).
A recuperação da visão é rápida após a cirurgia de catarata?

Geralmente é possível obter uma boa visão já no primeiro dia após a cirurgia, quando operamos uma catarata inicial. Porém, quando operamos uma catarata muito avançada, a recuperação da visão pode levar alguns dias. Por esta razão, o ideal é não deixar a catarata evoluir muito, e sim operá-la nos seus estágios iniciais.
É possível corrigir o grau dos óculos com a cirurgia da catarata?

Sim, é possível corrigir o grau dos óculos, tanto para perto, como para longe. Assim, é possível diminuir ou até mesmo eliminar o uso de óculos após a cirurgia da catarata. Esta correção do grau dos óculos é feita através do implante de uma lente intra-ocular, a qual irá compensar o grau dos óculos. Estas lentes podem ser monofocais ou multifocais. As lentes monofocais podem corrigir o grau para longe, restando a necessidade de uso de óculos para perto. Já as multifocais, podem corrigir os graus de longe e de perto, sendo, portanto, uma ótima opção para quem deseja não usar mais óculos.
Existem muitos tipos de lentes intra-oculares?

Sim, existe uma grande variedade de lentes intra-oculares atualmente. Assim, o médico oftalmologista deverá realizar diversos exames a fim de orientar o paciente na escolha da melhor lente intra-ocular para cada caso, dependendo das peculiaridades do olho a ser operado. Felizmente, a evolução ocorrida nos últimos anos nos permite oferecer lentes que agregam alta tecnologia em materiais, design e características ópticas, a fim de atingir melhores resultados visuais (uma visão melhor) e com baixos riscos cirúrgicos. Além disso, lentes de ótima qualidade nos permitem diminuir ou, até mesmo, eliminar o uso de óculos após a cirurgia.
Quais são as características gerais de uma boa lente intra-ocular?

De um modo geral podemos dizer que uma boa lente precisa ter as seguintes características:

1)     Ser dobrável, a fim de possibilitar a sua introdução no olho humano por incisões pequenas, a fim de evitar grandes cortes e diminuir a necessidade de pontos (sutura).

2)     Ser de um material de boa qualidade óptica, a fim de oferecer uma visão mais nítida. Neste sentido, uma característica importante é a asfericidade da lente, que diz respeito às peculiaridades das curvaturas da lente.

3)     Ser de um material com boa biocompatibilidade, ou seja, de um material que seja bem aceito pelo organismo, não gerando inflamação ocular ou sistêmica.

4)     Ser de um material com alta durabilidade, a fim de evitar alterações tardias conhecidas como “glistening”.

5)     Ser de um material que seja compatível com intervenções futuras, como LASER ou vitrectomia com óleo de silicone, que podem ser necessárias, especialmente em pacientes com retinopatia diabética.

6)     Ter um design adequado para permitir uma boa centralização e estabilidade da lente na posição correta dentro do olho.

7)     Ter bordas retas posteriores, a fim de evitar a opacificação da cápsula posterior no pós-operatório.

8)     Ter bordas arredondadas anteriormente, a fim de evitar distúrbios ópticos chamados disfotopsias.

9)     Ter filtro com proteção contra a radiação UV.

10) Ter boa estabilidade rotacional no caso das lentes tóricas.

11) Ter baixa indução de “glare” e halos, especialmente no caso das lentes multi-focais.

12) Ter características ópticas que permitam minimizar a perda da sensibilidade de contraste, especialmente em lentes multi-focais.
O que são lentes intra-oculares tóricas?

As lentes intra-oculares tóricas são lentes desenvolvidas para corrigir o astigmatismo do paciente, além de corrigir o erro refracional esférico (miopia ou hipermetropia). Estas lentes devem ter boa estabilidade rotacional, a fim de oferecer uma boa correção do astigmatismo por muitos anos, sem perder o seu efeito com o passar do tempo.
O que são lentes intra-oculares multifocais?

Lentes intra-oculares multifocais são lentes que visam corrigir o grau dos óculos para longe e para perto, fazendo com que possamos diminuir ou eliminar totalmente o uso de óculos após a cirurgia de catarata. Em outras palavras, estas lentes procuram oferecer uma boa visão para longe e para perto sem o uso de óculos.

Visão para longe com lente multifocal Visão para perto com lente multifocal

 

Atualmente, as melhores lentes multifocais que existem no mundo, baseiam-se nos fenômenos ópticos conhecidos como refração e difração. Graças à evolução tecnológica, estas lentes costumam apresentar um ótimo desempenho na visão para longe e para perto, de um modo geral. Apesar de todos os avanços ocorridos, as lentes intra-oculares multifocais apresentam algumas limitações. As maiores limitações destas lentes dizem respeito aos fenômenos ópticos conhecidos como “glare” (ofuscamento) e halos, além da diminuição da sensibilidade de contraste, especialmente em condições de baixa luminosidade.
É necessário aplicar LASER após a cirurgia de catarata?

Em alguns casos, depois da cirurgia, pode ocorrer a opacificação da membrana que envolve a lente, o que se chama opacificação da cápsula posterior do cristalino. Quando isto acontece, pode ser feita uma aplicação de LASER para melhorar a visão, chamada capsulotomia com YAG-LASER. Felizmente, as lentes intra-oculares de boa qualidade apresentam baixos índices de opacificação capsular, fazendo com que esta aplicação de laser não seja necessária em grande parte das vezes.
Precisa usar colírios após a cirurgia da catarata?

Sim, após a cirurgia da catarata é necessário usar três tipos de colírios: anti-bióticos, anti-inflamatórios não hormonais e corticóides. Em alguns pacientes com ressecamento ocular, também é necessário usar colírios lubrificantes. Felizmente, todos estes diferentes tipos de colírios evoluíram muito nos últimos anos, de tal modo que dispomos de excelentes opções atualmente.
Quem tem catarata e glaucoma pode ser operado da catarata?

Sim. Na verdade, a cirurgia da catarata costuma diminuir a pressão intra-ocular, na maioria das vezes. Por esta razão, a cirurgia da catarata pode ajudar no controle do glaucoma. Além disso, é possível realizar a cirurgia do glaucoma junto com a cirurgia da catarata.